16 de fevereiro de 2007

Boas razões pra não se ir votar

pois é, eleições há muitas, e bons motivos pra não se votar também. ou talvez não. o curioso é que quem dá essas desculpas, acredita (ou finge acreditar) piamente nas mesmas.
decidi fazer uma pequena listagem das desculpas mais frequentes...e há que se dizer, isto dá pano pra mangas... qual "senhor dos anéis", qual bíblia. o porquê de não se votar é que está a dar!

"ainda não estou recenseado" - é daquelas coisas que precisam de livros de instrução...
"dá muito trabalho" - provavelmente no top 5
"não estou esclarecido" - porra, com tanto panfleto, debate, tempo de antena... por falta de informação não é!
"não estou pra me chatear" - quer dizer, se fosse pra alguma coisa que nos dissesse respeito... agora pra tirar um gajo do sofá ao domingo é que não!

confesso que há coisas que me fazem confusão. uma delas é como é que há pessoas tão reivindicativas, tão "eu é que sou o génio da lâmpada capaz de resolver todos os problemas do mundo", e depois nem sequer são capazes de ir fazer uma porra duma cruz num papel. a sério que me ultrapassa. talvez seja eu que ainda ando enganada neste mundo, mas eu acredito que é preferível não ver os resultados que eu quero, mas pelos quais me esforcei, do que ver algo que não quero concretizar-se pelo meu marasmo e conformismo.
pode ser só de mim, mas eu acredito no poder das pessoas, acredito na democracia, mas não me venham falar em democracia e direitos e afins, quando nem sequer são capazes de ir votar. as mesmas pessoas que acham que o tio Salazar era mauzinho porque não deixava ninguém votar, ficam agora em casa a ver o filme da tvi pela enésima vez ou então a bola e acham que "assim é que se está bem, afinal ia lá fazer o quê, fica sempre tudo na mesma". pudera! é que não é uma pessoa a pensar assim... é a triste maioria deste país à beira-mar plantado que está quase a afundar-se, e não é por desastres ambientais, subida dos níveis do mar, blábláblá... é porque nós deixamos.
na altura em que decidi escrever este texto, foi a seguir a uma conversa com um amigo, defensor acérrimo do laissez-faire, que é como quem diz, "chatear-me pra quê?". achava mesmo que fazia sentido escrevê-lo. não consegui, porque por lapso inexplicável de memória, não consegui lembrar-me do login. agora, e à luz da realidade, depois de mais uma estrondosa vitória da abstenção no passado dia 11 de fevereiro, só consigo pensar também eu chatear-me pra quê?

1 comentário:

Jane & Cia disse...

Olá Carmo, antes do mais peço desculpa porque vou deixar-te um comentário muito longo. Gostava que o lesses... mas não me chateia nada que o apagues... Eu fui das que se chateou... das que até à ultima ponderou como havia de votar... que ouvi argumentos de um lado e do outro, uns bons outros maus. Deixo-te aqui um apanhado do que disse noutros blogs, já não sou capaz de escrever mais os meus argumentos... o Sim ganhou, ou como tu dizes ganhou a abstenção... e Portugal terá as mudanças que desejou, sou a respeitá-las!

Deixo-te o meu pensamento, porque te dirigiste a mim num cantinho aqui ao lado:

”aqui fica o meu impasse: por um lado com o NÃO podemos pensar que fica tudo na mesma: uma lei que não se faz cumprir (e a cumprir: pai, mãe médico enfermeira e amigos que foram coniventes, deveriam ser julgados e nunca só a mãe) e uma cladestinidade monetáriamente apetecível para alguns.

Por outro lado fazem uma pergunta que deveriam ser 5 num referendo, nada se esforçam por esclarecer as pessoas e mais: no caso de ganhar o Sim, ninguém sabe como irá funcionar o sistema de abortos assistidos (e não IVG que é uma demagogia): Se bem... se mal...

Lembro-me na série 7 palmos de terra uma das protagonistas dirige-se ao hospital e espera pela sua vez para entrar numa sala cheia de raparigas a fazerem o seu aborto... ali ninguém fazia perguntas, bastava querer... será que é para isso que vamos?

...já estive num estabelecimento de saúde legalmente autorizado e já me foi proposto fazer um aborto selectivo (ninguém falou em IVG) o que no caso de se comprovar anomalias graves no feto poderia ser feito até às 24 semanas. E eu iria faze-lo.

Por isso sou a dizer, até posso concordar que há casos que o aborto pode ter de ser realizado o que eu nunca posso concordar é que este seja uma decisão exclusiva da mulher...”


“A mim o ponto que mais me faz discordar (apesar de não desejar a prisão das mulheres, ou no caso prender também os maridos, os namorados, os médicos...) mas com o POR OPÇÃO DA MULHER eu não posso concordar, pois acho que devia alguém para avaliar, aconselhar... e não se resumir a uma questão de vontade.”

“Eu votei sim em 98...

...Na pergunta realizada, e apesar de eu até achar que podia haver despenalização, para as primeiras semanas, o que nunca eu poderei concordar é que essa seja uma decisão exclusiva da mulher...

No caso de haver despenalização quantos abortos vamos permitir que uma mulher faça...1, 2, 10... a esterilização, a laqueação deviam ser impostas sim (e não tenho vergonha de assumir esta falta de democracia)....

Não vou discutir se é vida humana... se não é vida humana... mas tenho a certeza de que é algo maior do que o nosso corpo...

Sei que há quem o faça a sofrer... mas sei também de quem o faça sem sentir nada (sei mesmo)...

Não consegui votar sim... a minha mãe, adolescente nos anos 60 chama-me retrógada... talvez...

não penso que esta seja a solução... uma outra lei talvez... que previsse uma excepção para mães adolescentes de 12,13,14 anos se não tivessem quem assumisse a ajuda...

tantas coisas que me ocorrem... tantas atitudes por tomar... tanta matéria social para resolver... acompanhamento das famílias numerosas...

mas o facilitismo de chegar querer e fazer NÃO”

Desejo-te bom pátio :) , amizades sempre boas como mostras aí em baixo, e que estejas sempre por perto da minha caracólis...A gente vê-se por aí!*