19 de março de 2005

Canoagem Vilacondense em grande!

Atleta do Clube Fluvial Vilacondense está mais perto do título nacional

Ramalho mantém invencibilidade

O fim-de-semana desportivo trouxe dois títulos para a canoagem vila-condense. José Leonel Ramalho, do Clube Fluvial Vilacondense, e Luís Lapa, do Vila do Conde Kayak Clube, estiveram em plano de evidência no Campeonato Regional de fundo, realizado em Melres.

Leonel Ramalho continua em grande forma. O canoísta do Clube Fluvial Vilacondense venceu a prova de k1 do 2.º Controlo Nacional de 2x2000 metros, que se realizou em Montemor-o-Velho, e sagrou-se ainda campeão regional na prova de fundo disputada em Melres. “Até à data, o Leonel Ramalho ainda não foi vencido em nenhuma das competições, desde os controlos aos campeonatos regionais, além do Campeonato Nacional de maratona. Aliás, o Nacional de maratona é composto por três provas, de duas apuram-se os dois melhores resultados e, se se confirmar a vitória dele no próximo fim--de-semana, obterá o primeiro título nacional da época”, refere José Garcia. O treinador do Clube Fluvial Vilacondense acrescenta que “será, obviamente, uma prova muito disputada, porque existem muito bons atletas. Essa possibilidade existe e a mesma coisa se aplica relativamente aos juniores, os quais, se também vencerem a próxima prova, serão campeões nacionais”. Para além das vitórias de Leonel Ramalho no 2.º Controlo Nacional e no Campeonato Regional de fundo, o Clube Fluvial Vilacondense alcançou ainda o segundo lugar em k1 júnior através de Ricardo Carvalho, no Controlo, e o terceiro lugar do mesmo atleta, seguido do colega de equipa Henrique Silva, no Regional de fundo.


Lapa continua a crescer

Também o Vila do Conde Kayak Clube participou nas duas provas durante o passado fim-de-semana. No Controlo Nacional, o destaque vai para Luís Lapa, que obteve o terceiro lugar em k1 cadetes e foi convocado para integrar os trabalhos da Selecção Nacional. O mesmo canoísta sagrou-se vice-campeão regional na prova de fundo realizada em Melres, no rio Douro.
“O Luís, à semelhança do ano passado, está muito bem este ano. Sábado, ficou em terceiro lugar no Controlo Nacional para integrar a Selecção Nacional que irá disputar os Campeonatos da Europa e, domingo, voltou a estar em grande plano e foi vice-campeão regional, numa prova que, apesar de tudo, deixou um sabor amargo, dado que o Luís comandou todo o percurso e só por um problema técnico perdeu o primeiro lugar”, referiu Fernando Laranjeira, treinador do Vila do Conde Kayak Clube.

Paulo Vidal

(http://www.oprimeirodejaneiro.pt/?op=artigo&sec=19ca14e7ea6328a42e0eb13d585e4c22&subsec= &id=e2b4358943c8c03fa46931f72e558c4f)


Amanhã, 20 de Março, realiza-se a 2ª prova a contar para o Campeonato Nacional de Maratonas. Se o Leonel, em k1, ganhar, sagra-se campeão nacional sem mesmo ter que disputar a terceira e última prova do campeonato, o mesmo se passando com o k2 júnior do Fluvial, composto por Ricardo Carvalho e Henrique Silva.
Go, boys, go! :)

12 de março de 2005

Mulheres socialistas revoltadas com Sócrates

Primeiro-ministro diz que as mulheres socialistas não têm protagonismo político e técnico para fazer parte do Executivo.

José Sócrates, que esta manhã toma posse como primeiro-ministro, considera que não existem no Partido Socialista (PS) mulheres com suficiente protagonismo político e técnico para integrarem um elenco governamental. Isto mesmo foi dito por Sócrates a alguns dos elementos do Departamento Nacional das Mulheres Socialistas (DNMS), numa conversa informal, na passada quarta-feira, dia 9, no final de uma reunião do conselho consultivo daquele órgão, realizada na sede do PS.
Segundo relatou ao PÚBLICO Ana Sara Brito, militante histórica do partido, que presenciou o encontro com Sócrates, as mulheres confrontaram o primeiro-ministro com o défice de representação feminina no Governo - existem somente duas mulheres, independentes, titulares de pastas ministeriais (Educação e Cultura). De acordo com a socialista, Sócrates começou por afirmar que a constituição do Executivo era uma "decisão pessoal" e que as mulheres "não sabiam a dificuldade que é formar um governo". Mais: "Para se ser do Governo é preciso haver confiança e confidencialidade", contou Ana Sara Brito, parafraseando Sócrates. Instado sobre se considerava que não existiam mulheres competentes nos quadros do PS, o primeiro-ministro declarou ainda que cabia ao DNMS recrutar para o partido "mais mulheres competentes". As socialistas ripostaram, questionando-o se classificava, então, as militantes como incompetentes. Sócrates rectificou as suas palavras, sublinhando que não era sua intenção chamar-lhes incompetentes. Até à hora de fecho desta edição, o PÚBLICO tentou, através da sua assessora de imprensa e do porta-voz do PS, Pedro Silva Pereira, falar com o primeiro-ministro, mas não obteve resposta. O episódio provocou uma incomensurável indignação junto das socialistas, explicou Ana Sara Brito: "As mulheres reagiram muito mal e foram saíndo. Eu também saí." Ao PÚBLICO esta militante, membro do DNMS, admitiu sentir-se "humilhada com o comportamento" de Sócrates, apontando que as declarações do secretário-geral revelam um "comportamento machista e serôdio". "Ao fim de 30 anos nunca esperei ouvir isto no PS", frisou, acrescentando que as socialistas interpretaram as palavras de Sócrates como uma "ofensa tremenda" e uma "profunda desconsideração intelectual". "Fiquei profundamente magoada e fui ofendida pelo secretário-geral enquanto mulher e enquanto feminista", disse.Para Ana Sara Brito, Sócrates "não respeitou" o DNMS e para tal terá contribuído a "estratégia falhada" da presidente do departamento, Sónia Fertuzinhos. Numa reunião do conselho consultivo, Fertuzinhos foi confrontada com o facto de ter cedido ao secretário-geral do PS, ao aceitar integrar a lista de candidatos a deputados pelo distrito de Braga num lugar não elegível. Ana Sara Brito defendeu que Fertuzinhos "não devia ter aceite lugar nenhum" e que "devia ter entrado em ruptura" com Sócrates. Até ao fecho desta edição, o PÚBLICO tentou contactar, em vão, a presidente do DNMS."Mais representativo da igualdade"O facto de o novo Executivo apresentar somente duas mulheres num universo de 16 ministros suscitou as críticas de diversas dirigentes socialistas, que lamentaram a circunstância de o Governo estar "aquém das expectativas", como disse ao PÚBLICO a eurodeputada Edite Estrela. Vice-presidente para a Igualdade de Género no Parlamento Europeu, esta indefectível apoiante de Sócrates, de quem é amiga há muitos anos, assumiu que "gostaria que houvesse uma maior representação feminina no Governo". Aludindo à "experiência espanhola" - José Luis Zapatero constituiu um governo paritário -, Edite Estrela admitiu que "não seria expectável que se fosse tão longe". Contudo, "gostaria que o Governo fosse mais representativo da igualdade". Também a deputada Celeste Correia, apoiante de Sócrates desde a primeira hora, lamentou a parca participação feminina no Governo: "É um retrocesso nos sinais positivos que foram dados. Não posso bater palmas, porque estava à espera de um maior número de mulheres." Quem também viu as suas expectativas goradas foi a recém-eleita deputada Teresa Alegre Portugal, que disse ao PÚBLICO sentir "pena" da quase ausência de mulheres no Executivo. A deputada frisou que as pastas da Educação e da Cultura "são muito importantes", mas não deixou de apontar que "são aquelas que tradicionalmente são atribuídas às mulheres". Teresa Alegre Portugal realçou ainda que esta composição governamental "é contraditória" em relação aos "critérios que José Sócrates impôs para a criação das listas de deputados". Ex-ministra da Igualdade no segundo mandato de António Guterres, Maria de Belém Roseira justificou a ausência de paridade com o "afunilamento na entrada das mulheres para a política". Para a deputada socialista, existem "menos mulheres com notoriedade" e, "quando chega a altura de formar governo, acaba por ser difícil encontrar mulheres conhecidas". Maria de Belém Roseira diz aguardar uma "mudança radical a curto prazo", que poderá ser produzida através de "pressões" denunciatórias desta desigualdade. Ana Benavente, por seu lado, disse ao PÚBLICO que nunca sentiu "tanto machismo e mesmo misoginia" na política portuguesa. Para a ex-secretária de Estado da Educação, que considerou como "absolutamente lamentável" a escolha de apenas duas ministras, o Executivo de Sócrates é "uma ocasião perdida do ponto de vista da paridade". Isto porque, explicou, quando há preocupações com a "qualidade da democracia", é necessário "pôr de pé os problemas que estão na base dessas dificuldades". Benavente disse que a inclusão de apenas duas mulheres no Governo "é um insulto" às socialistas, sempre "tidas como intrusas e voláteis". A questão da paridade foi destacada nos programas das candidaturas de Manuel Alegre e de João Soares à liderança do PS. No caso de Alegre, o tema foi mesmo nomeado como uma prioridade na "acção do futuro governo socialista". Ontem à tarde, contactado pelo PÚBLICO, Alegre escusou-se a fazer comentários ao elenco governamental, maioritariamente masculino: "Agora não falo." João Soares limitou-se a afirmar que "é sempre desejável que haja equilíbrio no Governo", mas preferiu não se alongar em mais comentários "nesta fase do campeonato". "Aquilo que posso fazer é desejar bom trabalho e boa sorte", concluiu.

(http://publico.clix.pt/shownews.asp?id=1217971&idCanal=25)

é por estas e por outras q me sinto feliz por não ter contribuído para a maioria absoluta do PS... se isto é uma Esquerda justa e equilibrada, com igualdade de direitos... eu vou ali e já venho... e acho que entretanto, numa recaída mais forte, recupero o meu cartão de filiada da JP... (a ver se não chego a tanto!...)

10 de março de 2005

tá solinho, o céu tá limpo, o frio tá discretamente a ir-se embora, o "million dollar baby" é lindo, o "garden state" tambem, os meus amigos sao lindos, o leonel é lindo, a vida é bela e amarela, e eu sou feliz apesar de tudo.
e tenho dito! :)

4 de março de 2005

PARABÉNS!!!

à Leninha, q faz hj 19 aninhos!!!
q tenhas um excelente dia, vemo-nos logo :)
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2 de março de 2005

Nós por cá todos assim assim - Por Luís Fernandes

O mundo prisional, à custa de se não deixar ver, é um espaço mágico: engolido o delinquente nas suas entranhas, por lá ficará a vegetar. E, como dizia um filme de há uns anos, nós por cá todos bem
Era uma vez uma terapeuta de um centro de atendimento a toxicodependentes que, nesse dia, se virou para o seu utente e lhe comunicou com satisfação: "Pronto, chegámos ao fim." Tinham terminado o seu processo clínico, a vida de heroinómano era já uma etapa do passado. A trabalhar em pleno, garantindo a subsistência da família, abstinente de drogas já há muito, parecia estar à beira de um recomeço. Mas, em vez da alegria da notícia, a terapeuta inquietou-se com o ar de desalento do seu utente. Recomeçar? Tinha acabado de saber que teria de regressar à prisão, pois chegava ao seu desfecho um processo antigo em que era arguido por um delito cometido há anos. A justiça, cumpridora, chegara ao fim do seu vagaroso caminho. A justiça é cega, já sabemos. E às vezes surda, e tantas vezes muda. A sua lentidão não é apenas um problema de tempo. Fiel ao rosário dos seus procedimentos, o circuito penal é um ritual arrastado que, em obediência a uma lógica interna, se vai afastando da lógica da vida social, esquecendo que o direito não existe para se autocumprir, mas para fazer cumprir a vida. A aplicação das normas penais tornou-se um sistema fechado. E os sistemas fechados, ensina-nos a física, gastam uma parte importante da sua energia para se manterem. No longo termo, a única obra visível é a degradação de energia e a incapacidade de realizar trabalho. A história com que abrimos não tem nada de extraordinário. Extraordinário é aquilo que ocorre raramente, que nos põe atónitos pela singularidade, pelo imprevisto, pela magnitude. E esta história é igual a um sem-fim de histórias como esta. Que consegue o direito ao fazer-se aplicar desta maneira? Impor um castigo que já perdeu o sentido, pois diluiu-se qualquer relação com o acto que visava punir? Fazê-lo sentir como injusto, devolvendo ao meio livre um indivíduo em estado de revolta - agora sim, com potencial de perigosidade? Depois do tribunal, detenhamo-nos um pouco nas prisões. Ensinaram-nos os historiadores que a prisão foi um enorme passo em frente no movimento, lento mas seguro ao longo da modernidade, da civilização dos costumes. Pelo menos dois passos de grande alcance foram dados com a sua criação: a humanização do castigo e a utilidade social da pena. O primeiro corresponde ao afastamento da barbárie pura e dura, que fazia da aplicação da pena um espectáculo público, que, torturando, mutilando e matando, assentava o castigo numa vingança sanguinária, em que o aparelho penal se revelava mais feroz do que o criminoso; o segundo passo tornava o cumprimento da pena um acto útil, que procurava regenerar e devolver o indivíduo ao meio livre em condições de ser cidadão responsável nos actos e útil à vida colectiva. A prisão inscrevia-se na nova economia política que fazia entrar a vida social nas mais-valias do Estado. Pois agora meditemos no que temos, passados duzentos anos sobre os primeiros cárceres modernos: - Taxas de encarceramento: pensávamos que a evolução da democracia reduziria a prisão a uma expressão mínima. Pelo contrário, o recurso a ela tem vindo a aumentar na maioria dos países do capitalismo avançado. A privação de liberdade revela-se incapaz de prevenir a reincidência, funciona como um socializador de actividades criminais, marca com o estigma da ex-reclusão, produz importantes efeitos colaterais nos familiares da pessoa presa. Os estudiosos do fenómeno carcerário põem em evidência a ausência de relação entre o recurso maciço à prisão e o controlo da criminalidade - em Portugal, apesar de estes índices serem moderados, temos a terceira mais alta taxa de encarceramento da Europa. Será que o próximo ministro da Justiça também vai querer construir mais estabelecimentos prisionais? - O regresso da pena corporal: é hoje comum entrar-se saudável numa prisão e sair-se doente. A prisão da modernidade privou o indivíduo de liberdade, mas preservava-o fisicamente - até porque de outro modo não poderia voltar a ser útil, devolvido que fosse ao meio livre. Hoje, muitos jovens saem com HIV, somando este estigma ao de ex-recluso. Alguns suicidam-se durante a reclusão. Este acto, que é só por si uma denúncia, é encoberto pelo silêncio oficial - as prisões são peças dum sistema onde a informação é controlada e a opacidade a regra. - A inutilidade da pena: quando um delinquente vai preso, a notícia do telejornal deixa-nos tranquilos - a polícia funciona, os tribunais condenam, a prisão defende-nos. O mundo prisional, à custa de se não deixar ver, é um espaço mágico: engolido o delinquente nas suas entranhas, por lá ficará a vegetar. E, como dizia um filme de há uns anos, nós por cá todos bem. Esta resolução mágica do problema, que pensa que os delinquentes são uma espécie de contingente que podemos ir metodicamente neutralizando, não pára para pensar no modo como produzimos anti-socialidade e nas condições em que devolveremos o tal delinquente ao meio livre. No primeiro caso, seria um exercício esclarecedor darmo-nos conta de como hoje as prisões servem sobretudo como lugar de acantonamento de indivíduos vítimas da desinserção social e dos mecanismos de segregação que a sociedade dominante produz. Um indicador esclarecedor: aumenta em flecha por toda a Europa o número de imigrantes presos. As prisões estão cheias dos frágeis, dos que não podem defender-se, dos que se limitam a sobreviver nas margens do nosso sistema social: são um instrumento de neutralização dos excluídos e uma máquina de criminalização da pobreza. Os processos movidos à criminalidade económica ou à corrupção nas altas esferas não passam de gotas no oceano. Mas a sua intensa mediatização permite manter a ideia de uma justiça justa, que não olha a quem e que é o garante da isenção, da igualdade perante a lei e da ordem.A actual mediatização da justiça, aparentando-a transparente, encobre o essencial. O Estado pode ter estabelecimentos em que os cidadãos são impunemente contagiados com hepatite e com HIV? Pode ter estabelecimentos onde jovens entram por pequenos delitos e saem carregando o peso da violação? A mesma justiça que impôs a pena estará disposta a reconhecer o Estado como culpado pelos atentados à integridade física daqueles que tem à sua guarda, condenando-o a pagar indemnizações e obrigando-o a saber gerir decentemente os estabelecimentos que cria? Agora que já quase nos calámos com a Casa Pia, vamos voltar a esquecer o abuso do recurso à prisão preventiva? Era bom que o silêncio para lá dos muros fosse uma mera frase feita. Que quer ele dizer? Que nos envergonhamos de punir? Ou que não queremos reconhecer o estado a que chegou um dispositivo cuja maneira de punir, historicamente, havia representado um modo de, sem abdicar da pena, respeitar a vida e a dignidade humanas? Porque a vida, a vida de cada um de nós, é demasiado frágil e irrepetível para que possa ser agredida, mesmo que seja só pela incúria, pelo desleixo ou pelo abandono.

Professor da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto



um muito obrigado ao João Carmo pela dica ;)