pois é, eleições há muitas, e
bons motivos pra não se votar também. ou talvez não. o curioso é que quem dá essas desculpas, acredita (ou finge acreditar) piamente nas mesmas.
decidi fazer uma pequena listagem das desculpas mais frequentes...e há que se dizer, isto dá pano pra mangas... qual "senhor dos anéis", qual bíblia. o porquê de não se votar é que está a dar!
"
ainda não estou recenseado" - é daquelas coisas que precisam de livros de instrução...
"
dá muito trabalho"
- provavelmente no top 5
"não estou esclarecido" - porra, com tanto panfleto, debate, tempo de antena... por falta de informação não é!
"
não estou pra me chatear" - quer dizer, se fosse pra alguma coisa que nos dissesse respeito... agora pra tirar um gajo do sofá ao domingo é que não!
confesso que há coisas que me fazem confusão. uma delas é como é que há pessoas tão reivindicativas, tão "eu é que sou o génio da lâmpada capaz de resolver todos os problemas do mundo", e depois nem sequer são capazes de ir fazer uma porra duma cruz num papel. a sério que me ultrapassa. talvez seja eu que ainda ando enganada neste mundo, mas eu acredito que é preferível não ver os resultados que eu quero, mas pelos quais me esforcei, do que ver algo que não quero concretizar-se pelo meu marasmo e conformismo.
pode ser só de mim, mas eu acredito no poder das pessoas, acredito na democracia, mas não me venham falar em democracia e direitos e afins, quando nem sequer são capazes de ir votar. as mesmas pessoas que acham que o tio Salazar era mauzinho porque não deixava ninguém votar, ficam agora em casa a ver o filme da tvi pela enésima vez ou então a bola e acham que "assim é que se está bem,
afinal ia lá fazer o quê, fica sempre tudo na mesma". pudera! é que não é uma pessoa a pensar assim... é a triste maioria deste país à beira-mar plantado que está quase a afundar-se, e não é por desastres ambientais, subida dos níveis do mar, blábláblá... é porque nós deixamos.
na altura em que decidi escrever este texto, foi a seguir a uma conversa com um amigo, defensor acérrimo do laissez-faire, que é como quem diz, "
chatear-me pra quê?". achava mesmo que fazia sentido escrevê-lo. não consegui, porque por lapso inexplicável de memória, não consegui lembrar-me do login. agora, e à luz da realidade, depois de mais uma estrondosa vitória da abstenção no passado dia 11 de fevereiro, só consigo pensar também eu
chatear-me pra quê?