4 de janeiro de 2005

Avós & Companhia

Sabem o que eu acho que os avós têm de melhor? É que seja de que lado forem, são sempre nossos avós por inteiro.
Ou seja, não são como os tios, em que, de um casal, e regra geral, só um deles é mesmo tio de sangue, e o outro é por casamento.
Nada disso. Os avós são nossos de todos os lados, da cabeça aos pés J
Por isso é normal que, quando eles partem vá também um pouco de nós… Foi isso que me aconteceu a 18 de Dezembro de 1991 e a 24 de Dezembro de 2004 (datas escolhidas a dedo…), quando a minha avó e o meu avô paternos (respectivamente) disseram adeus a este mundo. Ambos igualmente bastante doentes (com doenças diferentes), partiram de um mundo que embelezaram e que só soube maltratá-los… Quando a minha avó morreu (de cancro no estômago), eu só tinha 7 anos, mas percebi que uma das mais importantes pessoas da minha vida tinha partido… e assim foi. Para mim, mais do que uma avó, era uma segunda mãe. Mas enfim, temos que parar de ser egoístas e ver que alguém em fase terminal de um cancro não tem muito mais a fazer por cá. E lá foi ela. Lembro-me que, uma vez, ela estava a dizer que ia morrer e eu disse-lhe “Deixa lá, quando morreres, vais ter com a tua mãe”e ela riu-se muito da minha inocência… Tenho a certeza que, se hoje fosse viva, seria um dos mais importantes pilares da minha vida. Bastava até que tivesse vivido mais uns anos com saúde (pelo menos minimamente, para me acompanhar enquanto crescia).
O meu avô… morreu há menos de duas semanas… e no entanto já estava longe há tanto tempo… Quando morreu, para além das mazelas físicas, estava já num avançadíssimo grau da doença de Alzheimer. Mesmo assim, não acredito que ele já cá não está. Ele era daquele género de homens a quem se pode chamar “self made man”, uma pessoa que nasceu com nada e, ao longo da vida, foi agarrando com unhas e dentes tudo o que lhe permitisse uma vida melhor, assim como aos seus.
No fim de contas, a mesma vida que ele tão sofregamente agarrou, acabou por traí-lo. Sempre foi uma pessoa com muita força de carácter e vigor no corpo, teve uma vida de luta, e a última levou-o ao tapete. Demorou a quebrar, mas quando isso aconteceu, foi com força e sem hipótese de retorno. No dia em que morreu, na véspera de Natal, o meu avô já não era o meu avô. Morreu tão diferente daquilo que nasceu… Só lamento não lhe ter dado um último abraço, um último beijo, só lamento não me ter despedido dele, e que ele tenha morrido num hospital sem ninguém dos que o amavam ao pé.
Chorei tanto por ele no teu colo, Joana, na noite anterior à morte dele, mesmo sem fazer ideia do presente que me ia calhar neste Natal que não existiu para mim…
A ideia de que as pessoas partem para longe para nunca mais voltarem é terrível…
Mas pelo menos sei que, onde quer que esteja o meu avô, tem a minha avó ao lado.
Mais uma vez tenho a agradecer a todos os que me apoiaram neste período difícil, e mesmo antes da sua morte. Vocês são um espectáculo.
E desculpem pelo tema tão animado… mas tenho tantas saudades, avozinho…
Tanta coisa que eu esperava que tu visses… o meu ano de caloira, os meus filhos…
Era das pessoas que eu mais admirava… e agora só restam as lembranças.

13 comentários:

Joana Plim disse...

Bem...fiquei entalada...o perder o meu avô materno foi duro mas foi mais pela minha mãe...Mas perder o meu padrinho foi como se me partissem as duas pernas e eu ficasse ali...sem conseguir caminhar...é cruel tirarem-nos as pessoas que mais nos orientam na vida!

neca disse...

Olha Carmito eu depois de ler o teu post fikei tao sensibilizado que começei a escrever a maluko e por isso decidi fazer um post meu em:

http://necabot.blogspot.com/2005/01/orelhas.html

E o k eu te keria dizer é: não te preocupes pk tens em nós o teu lado Direito! ;)

Beijões!

biZarre disse...

o texto está mt bonito :) o teu avó gosta de ter uma neta assim ;)

beijo

Anónimo disse...

pois é... posso dizer q tenho a sorte de ter os meus 4avós vivinhos da silva. para alem disso, e por muito esquisito que possa parecer fui uma "sortuda" porque quando a minha bisavó morreu eu tinha 4anos.
na verdade foi ela que me aturou até essa idade (até pq a minha mãe é uma coitada professora primária q graças à política deste país tem destino sempre incerto e tambem pq a minha avó é muito do moderna e ainda hoje trabalha) e foi algo que me marcou muito.
voces devem estar a achar engraçado, é um bocado esquisito perceber a morte com 4 anos e de facto, eu não percebia! mas é inegável o impacto que teve em mim, já que as lembranças mais distantes que a minha memória não deixa por nada são dela...naquele dia

a minha opinião, e isto já dava um novo comentario, é que cada vez tenho mais a certeza de sermos complexas e elevadas diversões de atomos em euforia que não sabem se querem estar sós ou acompanhados e que a morte é simples instabilidade de uma má construção civil...
moral da história: os atomos deviam estudar engenharia civil antes de se lembrarem de construir moleculas de compostos organicos e cadeias de dna... tantos anos, tantos anos e ainda não aprenderam a fazer algo suficientemente estavel tipo gás inerte ou coisa que o valha...será que alguem lhes pode dizer que nos custa caro a incompetencia deles?? se não conseguem ao menos que nos tirem os receptores da dor interior, ou até isso não sabem fazer?
cris-a maria tola que se esqueceu da pass do sign in- baci per tutti

Joana Plim disse...

TÊM É QUE ESTUDAR ENG DE MINAS!!! MANIA!!! PFFFFFF CIVIL CIVIL.... SE NÃO FOSSEMOS NÓS BEM OS DE CIVIL TAVAM LIXADOS!!! |< beijo (:o

neca disse...

se nao fosse electronica e telecomunicacoes, vcs nems blogs tinham masé pa se keixar! nao me venham com coisas! ;) ( Em Setembro talvez ja possas puxar pelo teu curso carmito :) )


Neca-o-tolo que usa um browser de jeito (cris) e nao o opera-sucks, k grava as passwords em memoria! LoL

biZarre disse...

ó cris, os átomos são OS engenheiros civis, são O cimento, são OS alicerces.. qt a engenharia civil boa ou má, é discutível.. se cá andássemos todos, o mundo n ia ser assim um lugar tão bom.. i think..

Anónimo disse...

nao me apeteceu registar-me. sou anonima no meu pp blog weeeee!!!
pois é cátia... tens toda a razao!
o facto é q eu encaro a morte do meu avô com naturalidade... depois do Carlos ter morrido, eu pensei p/mim mm q a partir daí, teria q haver algo mm mt grave p/eu (voltar a) ficar chocada... felizmente até agr nao aconteceu nd assim de tao tragico...
mas a verdade é q há sp alguem pior q nós...
o teu caso é mm mt triste, talvez pq, apesar de nos conhecermos ha relativamente pc tpo, gosto mt de ti. enfim... lamechices! ;)
o q interessa é q (volto a dizer) o teu caso é mt triste, e espero poder ajudar-te no dia em q precisares de desafabar, chorar, gritar, mandar umas caralhadas por ar (ajuda msm!!!)...
até lá, ficas com a promessa da minha ajuda e carinho incondicionais...
e já sabes...
"always look for the bright side of life!" (axo ké assim lo0l)
beij0oooooooooooooo *

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

poxa pa!!!!!!!!!mexeste mm cá dentro........dps de tudo akilo k foi dito n ha mt a acrescentar...é mt bom termos as pessoas de kem gostamos connosco e n percebo porque é que elas se vao embora assim.....das formas mais crueis!.....axo k nunca estamos preparados........sei lá tou paki a escrever css k já toda a gente sabe ms tinha mm necessidade de deitar cá fora...axo k a pekenina dona deste bolg fez-nos pensar a todos no quão curtinha é a vida e no quanto é importante valorizarmos as pessoas enquanto as temos connosco...

beixu gand gand*******^(postiguinha)

Anónimo disse...

NÃO SEI NEM O Q DIZER PARA VC, PERDI MEU AVÔ NESSE ANO FOI UMA BARRA ENFRENTA. POIS EU E TODA MINHA FAMILIA GOSTAVA MUITISSIMO DELE. MAIS TIVEMOS Q REAGIR POR Q A VIDA CONTINUA.


BJÃO


QUE DEUS TE ABEÇÕE

Anónimo disse...

Também perdi a minha avó à cerca de uma semana após um AVC hemorrágico. Desde o Natal passado que deixou de ser ela, o sorriso estranho, o olhar ausente, as confusões e deixas sem nexo... Enfim, sei bem o que é o processo de alzheimer, é triste demais termos um familiar assim!
No meu caso, e tendo em conta que foi ela quem me criou e educou, foi um duro golpe, mas eu sei que ela está bem, agora está bem! CORAGEM!!!

Ana disse...

A maior dor por que passei na minha vida, foi a perda da minha avó. Ainda hoje, já lá vãõ 3 anos eu sinto imensas saudades dela. Para mim foi uma segunda mãe sempre presente e tão amiga. As batatas fritas, com aquele sabor indiscritivel,a taça da massa de bolo que me dava sempre para "lamber". São marcas que para sempre ficarão. obrigado por tudo avó. só tenho pena de não lhe ter dito o quanto gostava de si mais vezes e de lhe demonstrar o enorme amor que sentia po si. você sempre será um marco de referência na minha vida, a sua força coragem autonomia, vontade de conseguir sempre mais e melhor, são passos que euvou seguir sem nunca esquecer minha mestre!
a distância pode causar saudades, mas jamais o esquecimento. obrigado por tudo. esta sempre no meu coração, avó linda.