7 de outubro de 2007

Quando for grande quero ser...


... advogada.
Desde miúda que sempre quis ser advogada. Quando andava na escola primária, fazia-se todos os anos um livro com as fotos e dados de todas as crianças que estudavam no colégio, e nesses dados incluía-se também o que queríamos ser quando crescêssemos. Muitos potenciais futebolistas, cabeleireiras, astronautas... E eu: advogada.
À medida que os anos foram passando raramente tive dúvidas acerca daquilo que queria fazer da vida, se bem que a dúvida maior tenha surgido precisamente no momento mais crítico: na altura de me candidatar.
Depois de confusões, dilemas existenciais, um curso de que desisti, e uns anos a trabalhar, entrei finalmente naquilo em que sempre quis entrar.
Acho que, precisamente por (quase) sempre ter querido entrar em Direito, isso aumentou a pressão. Quando interiorizei que ia mesmo entrar, tive muito medo, medo de não ser o que estava à espera, medo de descobrir outra vocação, medo de simplesmente não ser capaz.
A verdade é que, decorridos dois anos inteiros em Coimbra, em início do terceiro, as dúvidas ainda me assaltam.
Quando vejo as notas miseráveis, as injustiças por parte dos professores, os chumbos impensáveis, a desorganização administrativa e a ridícula inépcia pedagógica que se vive quotidianamente na mais antiga faculdade do país e uma das mais antigas e prestigiadas da Europa, pergunto-me o que eu, e mais uns quantos, andamos lá a fazer.
Não faltam relatos de falhas abismais, de ilegalidades - sim, ilegalidades, numa Faculdade de Direito.
Quantas e quantas vezes isso já não me tirou a vontade... E me deu uma nova, a de mudar, de sair.
Por outro lado, em pleno século XXI, em que tudo é demasiado rápido e "para ontem", torna-se quase frustrante um curso tão teórico, que quase sobrevive à custa de doutrinas e divergências doutrinais, que se esquecem no momento em que se sai pela última vez pela Porta Férrea.
No balanço que faço, chego à conclusão que nunca deixarei de ter dúvidas. Aos 23 anos, ainda não sei o que quero ser quando for grande.
Mas sem dúvida não me arrependo, de maneira nenhuma, de ter escolhido esta Faculdade e, por arrasto, a mais antiga Associação Académica do País.
Experiências de vida, olhares sobre o dia-a-dia, que, tal como sucede em qualquer parte do país, não se repetem em mais sítio nenhum.
Em Coimbra ama-se, conhece-se, cresce-se, sofre-se, sente-se que uma semana corresponde a um mês "normal", em Coimbra vive-se!
E em Coimbra sei que, mesmo que não perceba a 100% o que quero fazer no futuro, hei-de levar tantas lições quantos os dias que lá passo.
E para já...
Quando for grande, quero ser advogada :)

5 comentários:

Arcanjo disse...

E eu quando for grande quero ter um ferrari!!Lol Tens com cada sonho!Lol

Anónimo disse...

Pena que não saibas dar valor ao que se aprende na FDUC. Um dia, se fores mesmo advogada, vais percebê-lo. Espero que, na altura, tenhas mais maturidade que a que tens agora.

Маша disse...

define maturidade. é escrever comentários anónimos em blog de outras pessoas?

Anónimo disse...

Concordo com algumas das críticas que fazes à FDUC e ao ensino que nela se ministra, só não concordo que digas que há injustiças da parte dos professores e chumbos impensáveis... é uma escala diferente, já se sabe ao entrar que as notas não vão ser as do Secundário e que a suposta escala de 0 a 20 e só mesmo suposta e que deve ser calibrada para um 16. Mas quem se esforça e trabalha tem boas notas e os professores marimbam-se de tal forma para os alunos que, dessa maneira, até acabam por fazer das avaliações mais imparciais que há, sem favorecer este ou aquele e julgando todos pelos mesmos critérios exigentes. Já vi muita gente chumbar, mas nenhum caso onde isso não fosse merecido (ás vezes, não basta só o trabalho e outras vezes não basta só o achar que fizémos bem). Acho que também cabe a nós alunos sermos honestos nas nossas críticas, sem em algumas coisas temos razão, noutras não, é só esta a minha opinião. Boa sorte para os exames!

Sofia

Nelson Fraga disse...

olá!!
ontem fui ao cinema ver «Michael Clayton - Uma Questão de Consciência»... acho que é um filme absolutamente imprescindível para quem "quando for grande quer... ser advogada"... e (mais a mais) tem o mister Clooney como protagonista, o que também te deverá agradar... :p
queria despedir-me sazonalmente mas não consigo fazer aquela piadola fácil, por isso apenas: beijinhos!